quarta-feira, 30 de março de 2016

Mario Quintana - "Sapato Furado"



Olá!
Vamos falar hoje sobre o poeta Mario Quintana.

Mario Quintana nasceu em Alegrete (RS), em 1906, e foi um importante poeta, tradutor e jornalista brasileiro.

Seu primeiro livro, A Rua dos Cata-ventos, foi lançado em 1940, pela Editora Globo. Foi indicado três vezes para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas nunca foi eleito.

Falece em 1994 e deixa um recado bem humorado diante da perspectiva da morte: "A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos" (RELEITURAS).

Diferentemente de outros autores, hoje vou apresentar uma discussão sobre o livro Sapato Furado de Mario Quintana, que discorre sobre temas complexos como a morte. Tanto que manda um recado a seus leitores sobre o livro “Eu já escrevi o Sapato florido. Como, porém, nesta vida nem tudo são flores, apresento-vos agora o Sapato furado, que tem grande significação, pois o seu texto foi escolhido exclusivamente pelos leitores a se destina: a gurizada a partir dos dez anos...” (VERSÕES).

Logo no primeiro poema do livro, Conto Azul, o tema morte é apresentado:


Conto azul

Certa vez, tinha eu quinze anos, inventei uma história que principiava assim:

“A primeira coisa que fazem os defuntos, depois de enterrados, é abrir novamente os olhos”.

Mas fiquei tão horrorizado com essa espantosa revelação que não me animei a seguir avante, e a história gorou no berço, isto é, no túmulo.



Segundo Simone Assumpção, autora do artigo A obra de Mario Quintana pode ser lida por crianças?, apesar da temática forte, o tom jocoso do autor o aproxima da visão juvenil da morte. Além do título, fazendo alusão à expressão “tudo azul”, que remete à ideia de que está tudo bem.

Para a autora, o que classifica uma um poema como infantil ou não é a compreensão entendida entre poeta e leitor, o acordo de compreensão feito entre ambos.

Mas e você? O que classifica um poema como infantojuvenil ou não? Espero seu comentário me dizendo o que seria para você e até o próximo autor!



BIBLIOGRAFIA:


- GRAMÁTICA E LITERATURA E REDAÇÃO, Mario Quintana – Sapato Furado e um pouco de Henriqueta Lisboa, em http://qrolecionar.blogspot.com.br/2009/04/mario-quintana-sapato-furado-e-um-pouco.html;

- RELEITURAS, Mario Quintana, em http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp;

- REVISTA BULA, Os 10 melhores poemas de Mario Quintana, em http://www.revistabula.com/2329-os-10-melhores-poemas-de-mario-quintana/;





segunda-feira, 28 de março de 2016

Cecília Meireles - "Ou isto ou aquilo"



Bom dia!
Como prometido, voltamos a nossa programação normal!
Hoje vamos falar da Cecília Meireles! 



Provavelmente uma das poetisas brasileiras mais conhecidas da nossa lista, dispensa profundas apresentações.
Nasceu no Rio de Janeiro em 07 de novembro de 1901, publica seu primeiro livro de poesias em 1919, Espectro. Deu aula em instituições por todo o mundo e chegou a ganhar o Prêmio Jabuti em 1963, por seu livro Poemas de Israel, e em 1964, ano de seu falecimento, por seu livro Solombra.
O poema que será apresentado hoje é o conhecido Ou isto ou aquilo, que “apresenta, com leveza,  aspectos de um  processo de escolha tão óbvios  quanto difíceis de serem assumidos, por adultos, jovens e crianças” (APRENDER COM POESIA).

Editora Nova Fronteira, edição 1990.

                                          Ou Isto ou Aquilo



Ou se tem chuva e não se tem sol

ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa

estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,

ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .

e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,

se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda

qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Um texto leve, fácil, mas que aflige qualquer ser humano: as escolhas feitas por nós e a consequência de não poder ter tudo.
Deixo um vídeo em que é recitado e desenhado o poema:

Até o próximo post! 

BIBLIOGRAFIA:
- JORNAL DA POESIA, Ou isto ou aquilo, em http://www.jornaldepoesia.jor.br/ceci28.html;
- RELEITURAS, Cecília Meireles, em http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp.

domingo, 27 de março de 2016

Informe

Boa noite,

Sei que foi acordado que seriam postados dois poemas por semana e esta última não houve postagens.
Venho por meio deste esclarecer que por motivo de saúde, não consegui postar.
Peço encarecidas desculpas, mas me comprometo esta e a próxima semana a postar três autores para que não atrasemos nosso cronograma.
Novamente, mil desculpas!

Abraços.

sábado, 19 de março de 2016

Henriqueta Lisboa - "O Menino Poeta"



Olá! Vamos ao nosso primeiro autor?
Hoje vamos falar da Henriqueta Lisboa e seu poema O Menino Poeta.


Henriqueta Lisboa nasceu em 1901, em Lambari, Minas Gerais, foi uma tradutora, professora e poeta brasileira, que publicou obras tanto para o público adulto, quanto infantil.
Enaltecida por seu talento desde o primeiro poema publicado, Enternecimento, pelo qual recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras, foi também homenageada em 1984, um ano antes de seu falecimento, com o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de suas obras.
Foi também a primeira escritora a ser eleita integrante da Academia Mineira de Letras, em 1963, ocupando a cadeira número 26.
Em sua tese A Poesia infantil na obra de Henriqueta Lisboa (O Menino Poeta), Betina Viana Alves apresenta o posicionamento de Henriqueta sobre a poesia infantil: “Conforme Henriqueta, a poesia – arte verbal – possui várias características que favorecem o encantamento da criança: a metáfora, com seus desenhos, cores e relevos de visionamento; a sonoridade, o ritmo e a melodia, com seu dinamismo; a essência com sua espiritualidade e sugestões de categoria mental; a disposição e ordem dos componentes, com seu todo característico. Além disso, há de se reconhecer a grande influência formativa da arte poética, por atingir as quatro funções mentais de base: o sentimento, através da plasticidade metafórica; a intuição, pela mobilidade musical; o pensamento, pela composição artesanal característica”(p. 28).
Contemporânea e amiga de Mário de Andrade, trocavam cartas costumeiramente, pelas quais ela apresentou suas obras infantis ao amigo, que ficou encantado por um de seus poemas mais famosos, O Menino Poeta, o qual falaremos hoje:

1ª edição ilustrada de O Menino Poeta - 1984.
O Menino Poeta
 
O menino poeta
não sei onde está.
Procuro daqui
procuro de lá.
Tem olhos azuis
ou tem olhos negros?
Parece Jesus
ou índio guerreiro?

Trá-lá-lá-li
trá-lá-lá-lá

Mas onde andará
que ainda não o vi?
Nas águas de Lambari,
nos reinos do Canadá?
Estará no berço
brincando com os anjos,
na escola, travesso,
rabiscando bancos?
O vizinho ali
disse que acolá
existe um menino
com dó os peixinhos.
Um dia pescou
- pescou por pescar -
um peixinho de âmbar
coberto de sal.
Depois o soltou outra vez nas ondas.

Ai! que esse menino
será, não será?...

Certo peregrino
(passou por aqui)
conta que um menino
das bandas de lá
furtou uma estrela.
Trá-lá-li-lá-lá

A estrela num choro
o menino rindo.
Porém de repente
(menino tão lindo!)
subiu pelo morro, tornou a pregá-la
com três pregos de ouro
nas saias da lua.

Ai! que esse menino
será, não será?...
Procuro daqui
procuro de lá.

O menino poeta
quero ver de perto
quero ver de perto
para me ensinar
as bonitas cousas
do céu e do mar.





O livro ao qual pertence (abre e intitula) o poema O Menino Poeta tem 66 poemas da autora, de diversos assuntos como natureza, animais, sentimentos etc.
Para Betania, "O Menino Poeta é o poema de Henriqueta Lisboa que [...] trata da busca do eu-lírico pela criança que cada um de nós carrega dentro de si e que possui características muito semelhantes às dos poetas, sendo um verdadeiro retorno à infância".
Trata-se de um poema sonoro, interessante e adorável, o que vale a leitura e, além de curtir a leitura, o grupo de teatro Cynthilante Produções estrelou uma peça baseada no livro, que você pode assistir pelo canal deles no YouTube:





Espero que tenham gostado e até o próximo post!

BIBLIOGRAFIA:
- ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS, Cadeiras, em: http://academiamineiradeletras.org.br/cadeiras/;
- ALVES, Betania Viana, A poesia infantil na obra de Henriqueta Lisboa (O Menino Poeta). PUC-Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Letras_AlvesBV_1.pdf;
- ESCRITAS.ORG, Biografia: Henriqueta Lisboa, em: http://www.escritas.org/pt/bio/henriqueta-lisboa;
- FOLHA.COM, Livraria da Folha: Versos de poeta Henriqueta Lisboa descobrem crianças novas a cada manhã, em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/794729-versos-de-poeta-henriqueta-lisboa-descobrem-criancas-novas-a-cada-manha.shtml;
- INFOESCOLA, Henriqueta Lisboa, em: http://www.infoescola.com/biografias/henriqueta-lisboa/;

terça-feira, 15 de março de 2016

Sobre o Blog



Sejam todos bem vindos!

O blog foi criado como um projeto da minha aula de Literatura Infantil/Juvenil, da faculdade de Letras, com o intuito de apresentar os autores que veremos em sala aos demais leitores para relembrar alguma poesia da infância guardada com carinho na memória ou como busca de leitura para uma criança.
Apesar de ser um projeto para minha aula, a intenção é de aproximar novos e velhos leitores desses autores e estimular a leitura na infância, pelos seus benefícios e pela diversão também.
A cada semana, comentarei sobre dois autores, com uma breve biografia e uma poesia conhecida.

Espero que vocês aproveitem e divirtam-se tanto quanto eu.